Vi correr pra lugar nenhum, ele, o louco correu,
não encontrou o ponto de chegada, mas estava la, ele
não notou.
- Pena de ti, da tua pobre alma. Disse a consciência.
Diria outro:
- Não pobre, podre alma.
E ele não foi a lugar algum, nem com poesias, nem em corpo, então é
louco, tosco.
Que cultura tem o louco?
O poeta louco, sem sarau.
... então não tem poesia...
Bom seria comer batas fritas na esquina da
praça, ou brincar
com o palhaço num
picadeiro qualquer...
Pastel de feira é bom, correr num estradão, quando ventania levanta poeira, imaginando exímio aviador da Senta Pua, investindo sobre artilharia nazista; tão
simples, algo que não
morre.
Mas em si, é audaz
É louco porque se viu menino nas margens do Rio das Almas...
E ele é
louco...
E não
tem alma ou corpo, as magoas corrompem o ser, quando o ser pensa ser, e não é.
Nem nobre mais é, ou, nunca tenha sido, se foi,
Nem nobre mais é, ou, nunca tenha sido, se foi,
um tanto de nada.
Morto, não
culto, nada... Sepultado dentro de si.
Amigo do nada, nada de amigos, cultos
amigos.
Jamais...
E dor?
Ele causa, emana dor e dessabor...
Fuga de que?
E repete sempre a mesma coisa,
não se deu oportunidade
de algo novo.
E sobre um caminhão, viram-no dentro de uma redoma de vidro. Não grades, vidros.
Ia o caminhão pela avenida principal, e as pessoas não aplaudiam, uns choravam de dor, outros de saudade, outros de rancor... Como apresentação de circo bizarro.
Os poetas viraram o rosto pra ele, os filhos estavam lá olhando calado, até um cachorro negro estava lá olhando e, indo e vindo de um lado pra outro.
E O LOCUTOR IA NARRANDO:
- Respeitável público! Olhem, admirem, o bizarro, algo esplendido! Notável e louco...
E a redoma girava, pra que ele, o louco não pudesse esconder o rosto, nem corpo, nem a alma.
E ele foi despido, nu.
Despido de vestes, ele estava apavorado...
Só queria escrever... Correr por ai...
Abraçar um amor na praça do Ipê..
Mas foi despido,
Despido da alma, dos sonhos, da vida...
Despido das orações....
E queimaram teus escritos,
E um do meio zombou:
- E agora Libra,
onde está o anjo que veste azul cetim?
- Onde esta teu anjo; Libra?
E multidão seguia calada, livres do poeta, do ladrão de felicidades, do larápio que rouba risos...
E do céu até Vitória assistia, olhando de lá, embalada nos braços de Cristo.
"Ele viu Vitória no céu, olhando de lá, acenando, e Cristo a embalar."
O poeta não tem face. Não
tem nome, varias caras e nenhuma honra. Que houve então?
Vive na redoma, nas estações do passado, que o acorrenta, não sabe sair, nem ir....
De dentro da redoma ele vê o anuncio, parece de um balneário azul, é anuncio de um lugar difícil de ir.
O rio lá
longe é bonito, nem
correndo o poeta não foi capaz de fazer o tempo pra ir,
mas ele queria poder ver o rio.
Ele não
recitou a própria
poesia. .
Nem parou pra apanhar flores,
e colocar nos cabelos da filha.
Nem disse um te amo, ou um abraço bom...
a um amor...
Nem soube amar ou fazer amor bom,
nem sexo bom, nem nada bom.
E ao fogo vai os livros,
talvez também não seja bom.
E foi perdendo tudo, matando tudo, e se matando.
E também
ninguém quer ouvir,
nem ele mesmo, então
ele tem rostos, vários
rostos. Troca à face pra ver se alguém vê
e ouve.
Morre. É que,
compreendo o suicida. Nada nele presta,
o louco se jogou no lixo.
Nem pra amar ou fazer amor, não há
delicadeza, nem ritmo, pra vida, nem ritmo pra Deus.
Agora a redoma de vidro é a mesma que o prende, de se libertar dos conflitos e da vida.
A Morte seria terna hoje.
É que
esperou o Cristo descido e
sorrindo aos pés
da cruz.
Cristo veio, no voo livre da borboleta azul, mas o louco, não notou...
O mar fica pra trás todos os anos,
o direito de ir e vir também.
Tem uma jabuticabeira bonita do outro lado
da
minha janela, do quarto que durmo, nunca notei.
O poeta louco, louco que é, não notou que
passarinhos verdes, vinham na jabuticabeira, fazer
algazarra pra ele se animar.
Mas o poeta é cruel, não notou que os pássaros
foram enviados por Deus, pra anima-lo.
Que importa?
Tem uma redoma de vidro.
Que legal, esperava que escrevesse.
ResponderExcluirloucura? Quando vc escreve tento ler nas entrelinhas.
Loucura é uma via de mão dupla e contradição.
sofrimento equiparado a morte terna (?) por sentir que esta é melhor que a vida ou por saber a morte é vida?
Poeta louco,
ResponderExcluirQuanta loucura...
Quanta humanidade vejo em vc.